Apagando as luzes de 2010…

Estamos a  menos de quinze dias do final de 2010.  Muitos amigos que acompanham o meu blog têm pedido para que eu o atualize. Eu devo isso não só a vocês, mas principalmente a mim mesma. Iniciei esse blog no dia 18 de setembro, dias antes da minha cirurgia de redução do estômago. Agora completo com quase dois meses e meio de operada e preciso registrar os acontecimentos.

A vida com 22 quilos a menos é muiiiiiiiito melhor. Hoje, abro meu guarda-roupa e quase todas as roupas já não me servem. Aquelas que não cabiam estão cabendo (muitas até bem folgadas) e as que usava nos últimos meses que antecederam a cirurgia já estão pra lá de frouxas (nem parece que eram  minhas!!!).

O emagrecimento vai acontecendo paulatinamente, mas ao mesmo tempo causa uma “revolução”. Cada dia que  passa, ou melhor, a cada semana que passa, vamos murchando (literalmente falando). Me olho no espelho e tem certos momentos que olho duas vezes para ter a certeza de que estou diante de mim mesma  (é incrível, mas é verdade). Aí sorrio e digo cá aos meus botões:

– Sim, sou eu mesma!  Oxe Gésia  deixe de doidice!

Só tem uma coisa que não me agrada: os braços extremamente grossos. Mesmo na minha mais forma mais “enxuta” antes da cirurgia, sempre tive braço grosso (herança genética). Ontem, conversando com uma grande amiga num bate-papo gostoso desses de final de ano – eu, Mônica Camerino e Jack Calheiros –  Mônica me contou que uma conhecida dela fez cirurgia no braço um ano e meio após a redução de estômago e que o resultado foi excelente. Ela disse que a cicatriz foi tão pequena quem nem dá para perceber. Bem, eu vou aguardar. Agora em janeiro começo minhas aulas com a personal-trainer-prima, Karina Guimarães, e vamos ver o que o puxa-ferro pode fazer por essa parte do meu corpo. Se for o jeito, eu entro no bisturi.

Mas estou falando do lado concreto, visual. Agora quero entrar no lado interior, psicológico. Gente, comer para viver é algo maravilhoso! Estou felicíssima de sentir vontade de comer e me satisfazer com um pouco de alimento. Esse é o lado – digamos assim – “mágico” da cirurgia. Só que TUDO mais depende de cada um de nós.

Sou altamente disciplinada. Fiz essa cirurgia para acabar de uma vez por todas com a doença chamada obesidade mórbida. Graças a Deus a medicina avançou ao ponto de eu – e qualquer pessoa que desejar – pode livrar-se desse mal que hoje, comprovadamente atinge milhões no mundo inteiro (e alguns não têm nem a genética).

Visito a nutricionista conforme prescrito, assim como o meu cirurgião. Acabei de fazer os exames laboratoriais prescritos por ele para verificar minhas taxas. Ainda tem a endoscopia e um raio-x do estômago, esôfago e intestino.  Vou toda semana para minha psicóloga.
Digo a todo mundo que quer fazer ou que fez essa cirurgia – e que como eu ainda está no primeiro ano – que não há milagre e que nós devemos preservar  nossa saúde, cumprindo as regras de disciplina médica, psicológica, alimentar e física (exercícios e musculação).

Quarenta e nove dias depois …

Hoje, dia 17 de novembro de 2010, uma quarta-feira completa 49 dias da minha cirurgia de sleeve gástrico. Mais de um mês e meio e já se foram 17 quilos! Puxa, quando eu podia imaginar que em tão pouco tempo eu me livrasse para todo o sempre desse tanto de peso? E pensar que minha luta ainda não está nem na metade…

 Quando fiz a cirurgia estavam com 112 quilos e hoje estou com 95. Quero chegar aos 65, ainda faltam 30 quilos, perfazendo um total de 47 quilos. Meu Deus, eu vou tirar uma pessoa de dentro de mim praticamente! Bem, a equipe acredita que com 68, 70 eu estarei ótima, mas por uma questão de querer mesmo, de desafio próprio eu quero chegar aos 65 quilos. Vamos em frente.

Atualmente já como de tudo um pouco. Sou altamente disciplinada para tudo. De manhã posso comer quatro cream crakers ou quatro torradas finas com uma colher de sopa de requeijão ou uma fatia de queijo coalho esquentado na água ou uma fatia de queijo mussarela. No intervalo do almoço como uma fruta (que precisa ser mastigadíssima; recomenda-se 15 mastigadas antes de engolir) ou 3 biscoitos maisena ou um club social ou uma barra de cereal (sem chocolate).

Em dia de festa com amigos. Prêmio Brasken de Jornalismo

No almoço: peixe, carne ou frango – o equivalente a duas colheres de sopa -, duas colheres de feijão, duas colheres de arroz, e uma colher de verduras cozidas no vapor. Se quiser posso comer salada crua à vontade (embora não dê para comer muito porque enche logo). Posso optar também por macarrão com frango, carne ou atum light sem óleo (a quantidade de macarrão equivale a de um prato de sobremesa). Lembrando que é importantíssimo mastigar bem.

Eu e esse casal nota 10 que amo tanto: Marcus Toledo e Rosinha, amizade de longas datas.

No lanche posso escolher a mesma coisa do intervalo da manhã, ou comer uma banana machucada com leite molico (ou qualquer outro em pó desnatado). No jantar posso comer uma rodelinha de inhame, um sanduíche de pão de forma (sem as bordas) ou de pão francês sem o miolo com uma fatia de presunto magro com uma fatia de queijo mussarela, com café com leite. Se tiver vontade posso escolher uma salada crua com carne, peixe, frango ou atum.

Amigas para sempre: eu, Verônica e Dani Sarmento

 Antes de dormir, uma vitamina com polpa de fruta + 1 medida e 1/2de Glucerna (vitamina) + uma pedida de carboplex (complexo vitamínico), tudo passado no liquidificador. Por enquanto o que não posso comer nem beber: frutos do mar; refrigerantes; bebidas gaseificadas; álcool; salsicha; farinha; chocolate. Pelo menos é o que me lembro agora. Uma dica excelente na caminhada é levar um Gatorede e ficar dando golinhos para não sentir fraqueza, nem tontura. As câimbras podem surgir. Caso isso aconteça é importante comer banana ou tomar todos os dias uma água de coco (ambos tem potássio) que ajuda a evitar as terríveis câimbras.

Não posso JAMAIS dizer que passo fome. NUNCA. Embora às vezes tenha uma vontadezinha de comer determinadas coisas, mas logo, logo passa. Hoje, MAIS DO QUE NUNCA tenho a certeza de que fiz o melhor para mim e também de que essa cirurgia é maravilhosa, mas que é preciso sim MUITA DETERMINAÇÃO, FORÇA DE VONTADE e CORAGEM para enfrentar todas as fases pelas quais passamos.

O azul dos olhos-alma

Ela amava o jovem de olhos imensamente azuis. A cor desse par de olhos se contrastava com o azul do céu naquele lugar-paraíso em dias de verão, e do mar ainda despoluído também daquele lugar protegido pelas águas do Atlântico e pelas divindades que abençoam os oceanos. Clarisse tinha apenas catorze anos, mas sabia que era amor o sentimento que a entorpecia quando fitava o infinito azul daqueles olhos-céu, olhos-mar.

Daria pra beber todo azul do mar ...

O jovem Saulo era livre. Aos vinte e dois anos ele caminhava à beira mar, andava pela tarde verde-alaranjada do verão, e nas noites enluaradas que acalmavam o celeste dos seus olhos e te davam um pouco de paz.

Saulo nunca desconfiou do imenso amor de Clarisse. Era o amor platônico que na forma mais lírica e de senso comum passou a ser entendido como um amor à distância, que não se aproxima, não toca, não envolve. Reveste-se de fantasias e de idealização. O objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem máculas. Parece que o amor platônico distancia-se da realidade e, como foge do real, mistura-se com o mundo do sonho e da fantasia.

Clarisse chorava muitas noites quando voltava para casa sem perspectiva. Encontros com Saulo eram tão diferentes dos idealizados na mente adolescente, romântica e ao mesmo tempo ardente de desejo da menina.

Clarisse via seu amor distanciar-se dela sempre em companhias femininas diferentes. Ela jamais foi uma delas. A menina passava noites em claro ensaiando o que dizer diante da alma de Saulo, que ela jurava conhecer profundamente. Os ensaios sempre terminavam em lágrimas. Como doía a realidade para Clarisse. O hiato entre ela e Saulo, medido pela realidade!

Como se as preces de Clarisse pudessem ser ouvidas pela corte divina do céu, Saulo numa dessas noites que a luz artificial conseguia intimidar um pouco sua incandescência, recostou Clarisse ao seu peito e dançou uma música lenta com ela.

Clarisse sentia seu coração disparar. Seus sentidos estavam entorpecidos, seu coração descompassou (e ela morria de medo de Saulo poder ouvi-lo). Por alguns segundos Clarisse pode sentir o que até então era sonho. E como num sonho, Clarisse sentiu seu corpo descolar por milímetros do de Saulo e se viu dentro do imenso azul dos olhos-alma de Saulo.

O azul dos olhos-alma de Saulo

Saulo não a beijou como Clarisse sonhava. Ele sorriu, aconchegou a menina novamente em seu peito e beijou sua cabeça, assim como um anjo faz com seus protegidos.  

A menina aceitou o aconchego esforçando-se para não explodir seu primeiro e mais belo desejo. Clarisse tinha medo. O medo legítimo de não ser amada com o mesmo diapasão. Recostada no ombro de Saulo a menina morria de medo de seu amado perceber que as lágrimas que rolavam de seus olhos podiam ser pela tristeza do desejo não concretizado ou pela alegria de sentir-se no céu em seus braços.

Saulo nunca soube da paixão de Clarisse. O tempo passou e a vida – como não podia ser diferente – tratou de guardar (muito bem guardada) essa parte da história no coração de Clarisse.  Sempre que sente saudade de saber e sentir o que realmente move o mundo, o que se chama de amor , Clarisse fecha os olhos e sente novamente o azul-céu, o azul-mar dos olhos de Saulo.

Um mês após a cirurgia de sleeve gástrico

Hoje é segunda-feira, dia 1º de novembro de 2010. Dia 29 completei um mês de sleevada (termo usado pelas pessoas da comunidade do Orkut “Sleeve Gástrico eu fiz”). É interessante acompanhar as pequenas mudanças que acontecem com a nossa vida à proporção que o tempo vai passando. Em um mês tanta coisa já mudou!

A cirurgia que antes era um ideal, hoje é uma realidade. A nutrição em golinhos, o dreno, a meia anti-trombo, o início da segunda quinzena quando entram os alimentos pastosos, enfim, muita coisa muda em um mês, sem contar com os 15 quilos eliminados nesses trinta dias, é claro.

Pois bem, com 30 dias os pontinhos da barriga (fiz a cirurgia por videolaparoscopia) praticamente somem. O buraquinho aberto para a passagem do dreno já tá fechado e sarado. O cortezinho por onde sai parte do estômago é tão discreto que nem dá para perceber, e o melhor: começamos a comer comida de verdade!

Meus olhos veem...

DICAS FUNDAMENTAIS: mastigar 15 vezes a cada garfada; só tomar água ou qualquer outro líquido, 40 minutos antes e depois do almoço; caminhar 40 minutos por dia diariamente.

Não morro mais pela boca!

 

Catherine Frazão, minha nutricionista. Quero ficar com o corpinho dela!

Eu estou seguindo rigorosamente essas dicas. Moro numa cidade linda, e pertinho da praia. É só atravessar a rua que já estou no calçadão. Só não fui ontem, dia do 2º turno das eleições porque tive plantão na TV. Mas ainda hoje, logo mais à noite, estarei lá.

Meu primeiro almoço foi um ninhozinho de macarrão cabelo de anjo com duas colheres de sopa de carne moída. Que delícia! Cuidadosamente mastiguei 15 vezes cada garfinho que colocava na boca. É incrível como as pessoas com quem almoço na copa da TV Pajuçara (meu trabalho), comem muito!

O tempo passou na janela...

 Recordando um passado não muito remoto, coisa de dois meses atrás, eu me vejo comendo igual (ou até mais) que esses colegas. Puxa! A gente come demais!  Agora tenho um estomagozinho pequeno e fui obrigada a me reeducar. É assim que acontece quando fazemos redução de estômago.

Quase que diariamente abro meu guarda-roupa e experimento muitas roupas. algumas já estão largas demais e outras que não passavam nem pelos braços já servem.  Dá muito prazer se sentir folgada dentro das roupas que usava, e mais ainda de estar dentro daquelas que sequer passavam pelos braços.

é preciso ter força, é preciso ter raça,é preciso ter gana sempre!

  É um período legal (e é importante viver essas pequenas alegrias com tranqüilidade para não nos desesperarmos, porque ainda não somos magras como queremos e como vamos ficar).

Conversando com a nutricionista Catherine Frazão ela me falou das muitas angústias que as pessoas sentem e também da cobrança exterior no trabalho, no ambiente de lazer com amigos e na própria família.  Ela conta que há pessoas que voltam ao consultório triste porque pensavam que no final de trinta , sessenta ou noventa dias, elas já estariam magérrimas.  E não é assim!

A perspectiva é de que ao final de 55 semanas (um ano), o gastromizado perca de cinqüenta a sessenta por cento do peso inicial. Portanto, paciência, equilíbrio, e a imprescindível ajuda psicológica compõem o tripé do sucesso no resultado desse tipo de intervenção cirúrgica.

Todo mundo irá supor que és feliz!

Minha nutricionista também alertou para NÃO QUEIMAR REFEIÇÕES. Segundo ela, justamente por conta da cobrança e da pressa dos operados, muita gente come menos do que o prescrito ou então queima algumas refeições (são seis ao dia). Catherine atenta para esse tipo de conduta do paciente, e diz que agindo dessa forma o gastromizado pode sim, correr risco de desnutrir, desidratar e provocar quadros clínicos indesejáveis à saúde.

Quem acredita sempre alcança.

Então porque não fazer tudo direitinho e dar tempo ao tempo para poder  transformar nosso corpo com a saúde que precisamos e merecemos? Claro que temos a nossa parte a cumprir (como já anunciei acima), mas nada de desespero!

Quem acredita em sereia sabe os segredos do mar!

Daqui a mais quinze dias volto à nutricionista e ao cirurgião Dr. Antônio de Pádua.  A visita a esses dois profissionais, pelo menos no começo, é de fundamental importância para o desempenho do gastromizado.

 Eu pessoalmente vou a minha psicóloga uma vez por semana. Toda quarta-feira, às 19h30. Antes da cirurgia cheguei a ir duas vezes por semana, acredito que nos quinze dias que antecederam a operação.

Só me arrependo das coisas que deixei de fazer por falta de coragem!

Bem, quero deixar aqui registrado. Até agora – 33 dias após minha cirurgia – nunca senti enjôo, nunca vomitei, nunca tive prisão de ventre. Tomo muita água nos intervalos das refeições, obedeço tudo MILIMETRICAMENTE como prescrito. Acho que não há outro caminho para “colher os louros” dessa decisão que muda a vida da gente para melhor, concordam?

A vida segue seu curso.

 

A vida é o PRESENTE.Não desperdice seu TEMPO.

Conversando hoje pelo “aproximador de distâncias” (como às vezes chamo para mim mesma o msn) com uma grande e querida amiga, disse para ela o quanto estava com saudades dela, e que naquele momento, a saudade que eu sentia me dava até vontade de chorar (e senti as lágrimas caindo pela minha face). Minha amiga disse assim:

– É, mas a vida segue em frente. Segue seu curso.

E como disse o Cazuza num dos versos de suas canções “o tempo não para”. Os acontecimentos são hoje – no presente – mas amanhã já foram – e é  passado. De vez em quando são coisas que nos deixam atônitas. Sentimos precisar de um TEMPO para nos refazer, mas cadê que o TEMPO pára?  A vida segue seu curso; segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, semana a semana, mês a mês, bimestre, trimestre, quadrimestre… Anos passam e a gente tem que ir se refazendo assim: no rolo compressor do tempo, às vezes cruel, às vezes recompesador.

Depois que  o tempo passa e a gente elabora os fatos, muitas coisas podem nos surpreender. Sensação de tempo perdido ou de tempo bem aproveitado. Sentimos saudade das coisas que aprendemos com a  cumplicidade nas amizades, do riso sincero, da conversa  saudável , de zombar da cara do outro, de falar sério (e aprender tanto nessas horas, mesmo que elas custem lágrima quando foram presente)…

Não raro – quando alguém está passando por uma fase de muita felicidade e alegria – essa criatura sente medo do tanto de coisa boa que está sentindo. Isso porque nós humanos não sabemos ainda aproveitar o presente; nós queremos eternizar os momentos bons. O medo bate porque não queremos deixar de sentir o que estamos sentindo e deixamos de viver com plenitude o TEMPO PRESENTE. 

Ah! Feliz daquele que se descobre HOJE e sabe que tem o direito de ser feliz!  Feliz daquele que não teme o TEMPO porque sabe que ele não para e VIVE o PRESENTE. Porque o TEMPO, ele nunca PÁRA.

E a vida segue seu curso ...

 O homem já conseguiu muitas coisas. Com sua inteligência já deu importantes avanços nas diversas áreas do conhecimento, mas não conseguiu e nem conseguirá fazer a vida deixar de seguir o seu curso, porque o TEMPO passa. Tudo passa. Nós também passamos. Não adianta mudar o rumo divino, judicioso e certo da vida.  Porque ela –  a vida – segue seu curso.

E a vida volta ao normal

Na segunda-feira, 18 de outubro de 2010 voltei ao trabalho. Cheguei à TV às 8h e reencontrei todo povo que amo. Que receptividade calorosa! Elogios, perguntas, curiosidades etc. Confesso que o esse retorno me pareceu diferente dos acontecem quando retorno das férias anuais, pois senti que algo dentro de mim realmente mudou (e não foi só o meu estomagozinho não). Vinte dias se passaram da minha cirurgia. Estou – por enquanto – com doze quilos a menos.

Senti que no primeiro dia estava meio – digamos assim – fora do eixo, desacelerada (é estranho mesmo, pois meu raciocínio é rápido). Na terça já foi diferente. Acho que os neurônios começaram a funcionar a todo vapor (como sou e como gosto). Muito bom voltar ao trabalho, sobretudo quando a gente gosta do que faz. Sentir-se útil é fundamental.

Como trabalho em dois locais diferentes sempre tive o hábito de levar minha comidinha caseira pronta e os lanches dos intervalos também. O retorno não foi diferente. Só que pelo menos até o dia 28 de outubro o esquema alimentar é diferente. De manhã, antes de sair tomo mingau de maisena ou aveia com leite desnatado. Levo de lanche um yogurte, e minha sopinha (são duas conchas grandes). Dez horas, uma paradinha para ingerir com cuidado o lanche, e 12h30 hora de parar para a pausa do almoço.

Saindo da TV vou para o segundo turno da minha rotina de trabalho: Secretaria de Estado da Gestão Pública (Segesp). Levo na bagagem um liquidificador (isso mesmo), para na hora do lanche tomar meu suco com os nutrientes receitados pela nutricionista. 

Ao chegar em casa, outra sopinha ou a mesma  refeição do café da manhã, e por último, antes de deitar, todos os nutrientes novamente com 100 ml de leite desnatado e três rodelinhas de banana ou mamão (tudo liquidificado, claro).

Na Segesp também recebi muita manifestação de carinho dos colegas. Cheguei no dia do aniversário do Arthur Rogério e teve festinha com direito a bolo, salgadinhos e refrigerantes.  Enquanto o povo comia pedi licença para ir à copa preparar meu lanche. Juro que não senti vontade de comer o bolo nem os salgados.  Estou tão satisfeita com minha decisão, meus resultados que realmente não me apeteceu comer aquelas guloseimas. Muito pelo contrário. Fiquei foi relembrando o tempo que meu estômago era dilatado e enorme e nas festinhas de aniversário eu me esbaldava e depois me sentia mal de tão cheia. Bom mesmo é comer para viver!

Vou seguindo em frente com minha vida. E que bom, que bom que tudo voltou ao normal. Dia 28 tenho consulta com a nutricionista às 18h30 e provavelmente ela vai prescrever a dieta sólida. Ficarei mais independente ainda. Mas estou em paz e sem pressa. E o melhor: com uma certeza enorme no coração de que tomei a atitude correta e estou no caminho certo!

Inspiração

Eles estão sempre nos inspirando também quando não os abandonamos por mau uso do nosso livre-arbítrio

Inspiração. Os nossos anjos guardiões nos dão é claro, mas é preciso ter uma vontade maior de querer. A inspiração é algo divino sim, mas depende também de como estamos trabalhando o nosso campo energético, o equilíbrio dos centros de força do nosso corpo (os chakras), e, sobretudo e (sempre) o AMOR em nossa vida.

Quando falo de AMOR dou vazão não ao amor sensualista, egoísta, ciumento, mesquinho. Falo do AMOR no sentido mais puro. O AMOR que faz com que você tenha esperança acredite em dias melhores e faça por onde cada dia seja um presente de verdade. O AMOR que pode até fazer você sentir um “friozinho no estômago”, mas tem paz. O AMOR que te inspira e transforma!

Natureza - fonte de inspiração (céu azul e margaridas, minha flor preferida)

Inspiração. Léon Denis – em sua mais completa e famosa obra – O Problema do Ser, do Destino e da Dor – diz que é inspiração: “uma das formas empregadas pelos habitantes do mundo invisível para nos transmitirem seus avisos, suas instruções (…). Pela mediunidade o Espírito infunde suas idéias no entendimento do transmissor”. O Dicionário Enciclopédico de Espiritismo, Metapsíquica e Parapsicologia, de João Teixeira de Paula diz que “É o recebimento espontâneo de idéias, pensamentos, concepções, provindo de Espíritos…”  Em todas as definições a algo mais importante a se ressaltar sobre a inspiração. Ela é espontânea, logo, não precisa evocação, nem pedido de auxílio; é um socorro imediato e de bom grado.

A lua - que quando cheia pinta de dourado o mar.

O que não é a inspiração se não for uma das mais belas provas de AMOR e a certeza de nunca estamos sós nessa caminhada evolutiva chamada vida na Terra?

Creio eu que todos nós temos o dever moral de ajudar aos nossos companheiros de caminhada a entender esse processo. Só que para isso – mais uma vez (não há como escapar) – precisamos AMAR primeiro a nós mesmo para amar o outro.

O mar - meu lugar ideal de desacanso, onde mais encontro a Paz!

Enquanto não aprendemos a mais simples – e também mais difícil – razão de estarmos aqui na Terra, vamos errando, acertando, chorando, sorrindo, crescendo intelectualmente e moralmente, enfim, vamos construindo a nossa história.

Quanto ao AMOR da chamada “cara-metade” – que muitos devem estar se perguntando e procurando incessantemente a vida inteira – ele chega na hora que estamos aptos, a saber, zelá-lo. Cuidar com o mesmo AMOR que aprendemos a sentir por nós primeiro. O AMOR de que falo é amigo, bem-humorado, companheiro, carinhoso, brincalhão e especialmente justo. Esse AMOR nos inspira sim porque enobrece a alma, aconchega, consola e nos harmoniza.

Inspiração é – para mim – a certeza sublime de já damos frutos, aprendemos a amar e estamos amando. Não há presente mais lindo que isso.

Quinze dias de vida nova

Hoje completa 15 dias que fiz minha sleeve (cirurgia de redução de estômago). Voltei à nutricionista conforme o prescrito para avaliação. No total perdi 12 quilos! Qual não foi a minha alegria quando ela disse que acabaram os horários de meia em meia hora e os copinhos para a nutrição!

Só para lembrar que passei 15 dias tomando líquidos nesses copinhos de cafezinho. Fase inesquecível!

 UFA que alívio! O caldo de legumes era gostoso sim, mas depois de quinze dias “almoçando” e “jantando” 14 copinhos (sendo sete no almoço e sete no jantar), não há paladar que agüente. Mas, como sempre disse minha mãe “A ocasião faz o ladrão”, e faz mesmo. Fiz o que era preciso ser feito e pronto, e deu tudo certo.

Do consultório já liguei logo para Didi e pedi para ela fazer uma sopinha de feijão (claro que é liquidificada). A medida são duas conchas daquelas normais fundinhas. Fiquei de 11h30 até 13h sem precisar contar o tempo de meia em meia hora para ingerir alguma coisa nos copinhos de cafezinho. Só tomei água.

Saindo do consultório da nutricionista fui com minha mãe ao supermercado comprar os novos ingredientes da dieta líquido-pastosa. Nesse  intervalo senti pela primeira vez um dorzinha de barriga e fui ao banheiro. Nada de grave. Acho até que foi emoção em saber da mudança (risos).

O primeiro “almoço” foi uma sopa de feijão. Passadinha no liquidificador. Duas conchas. A nutricionista já tinha alertado, “se sentir o estômago cheio pare”. E não é que eu não consegui comer as duas conchas? Acho até que não consegui comer nem uma! Encheu logo, logo. Detalhe: 40 minutos antes e depois do “almoço” não posso de jeito nenhum tomar líquido, pois corro o risco de vomitar.

Bem, confesso que achei bom demais o gostinho do feijão, mas que também tive uma pontinha de medo de não me sentir bem (acho que foi o costume de tomar líquido naqueles copinhos miúdos. Normal, penso eu). 

A nutricionista passou também um polivitamínico e polimineral com ferro para eu tomar até a próxima consulta com ela. Chama-se Supradyn pré-natal. A indicação é que tome um comprimido diluído em água ou suco uma vez por dia. Só que o bicho (comprimido) é ruim demais de dissolver.

Resolvi dissolver em água e levou (eu juro), mais de meia hora para virar pó e ainda ficaram os resquícios. Pense num gosto ruim! Logo que tomei o tal Supradyn (derretido apulso), tomei um gole de água de coco e pela primeira vez, tive vontade de vomitar. Mas não cheguei a por “os bofes para fora”, só foi mesmo aquela sensação de boca juntando saliva e eu cuspi até o enjôo sumir.

Mosaico de fotos de várias etapas da minha vida.

Novamente tive uma vontadezinha de ir ao banheiro fazer o número 2. Resolvi ligar para a nutricionista e saber se era normal fazer o número 2 mais de uma vez. Ela disse que não, só depois de três vezes considera-se diarréia. Meu anjo da guarda me deu uma dica: “ignore a idéia de tomar água de coco por hoje”. Obedeci à comunicação mental com meu protetor e joguei fora o copinho de água de coco. Fiquei na água e tudo fruiu melhor.
Seis e meia fui fazer meu minguau de maisena. Duzentos ml de leite desnatado com uma colher rasa de maisena e adoçante. Meche até levantar fervura e cozinha no fogo baixo. Pode pôr canela por cima. Deixei esfriar e me deliciei. Que gostosura! Dessa vez, a quantia de um pires raso deu certinho no meu novo estomagozinho, e eu me senti bem e saciada.

Posso ter o cabelo de sereia, mas estou fazendo por onde ter um corpo também. O mais importante de tudo é a saúde!

Às 21h é hora de fazer uma espécie de vitamina. Suco com todos os complexos vitamínicos e complementos alimentares prescrito na dieta da fase liquido-pastosas.

Eu vou virar sereia!

Mais uma etapa nessa caminhada para virar sereia. Resultado: quinze dias de operada e 12 quilos a menos. Vou ou não vou virar sereia daqui mais uns quatro, seis meses?

Eles que me ensinam tanto!

 

Um cheiro de carinho e saudade na despedida de Fernanda Calheiros, hoje assessora da Fits.

Eles chegam cheios de vontade de aprender, descobrir, inventar, fazer, errar, acertar. Puxa! A maioria vem mesmo cheia de garra – e também por isso – vencem. Há histórias lindas desse pessoal que tive (até agora) o prazer de dividir os dias, as semanas, os meses de trabalho: os estagiários. Sobre cada um deles poderia fazer um poema, um conto.  Eles sempre dizem que muito aprendem com a gente (já profissionais), mas desconhecem que a gente é que aprende – e muito – com eles todos os dias. 

Danielle, Ziliani, eu, Vinicius e Shay estágiários deste 2010, quando foi formado o "sindicato dos estagiários do PSCOM"

Isabelle Barros, Sabrina Scanoni, Daniella Barros, Cadu Epifânio, Davi Soares, Aline Mirelle, Rose Ferreira, Amanda Nascimento, Adriana Madeiro, Larissa Bastos, Mariana Vilela (hoje editora),  Amanda Marroquim, Mariana Novaes, Luziane Custódio, Larissa Ramos, Jenifer Leão, Acássia Deliê, Paula Passos, Mariana Lessa, Mariana Lima, Isis Nalba, Anne Caroline, Olga Sarmento, Cristiano Casado, Clau Soares,  Patrícia Machado, Anamaria Santiago, Edcésar Oliveira (hoje editor), Lucas Malafaia (hoje repórter), Fernanda Calheiros, Priscilla Duarte, Izabelle Targino foram alguns dos estagiários que tive PRAZER de acompanhar na minha trajetória na TV Pajuçara (gente perdoe se esqueci de alguém). Atualmente tem também os queridos Daniel Ziliani, Vinicius Firmino, Silvia Shayline, Danielle Lima e Débora Nunes .

Izabelle Targino, eu, Nanda Calheiros e Priscilla Duarte

Com esse pessoal aprendo, interajo, dou bronca e muitas vezes – sem que eu me dê conta – me pego com  a mesma  jovialidade deles novamente.

 Não consigo conceber o processo da vida, quando falo em progresso intelectual, profissional e moral sem que haja a solidariedade, a brincadeira inteligente, o bom humor, a doação e, sobretudo o amor. Para que isso aconteça é necessário que convivamos, que interajamos e fatalmente, criemos laços.

Esses laços – em boa parte da história – são tão fortes e sinceros que não desatam. É como casa construída sobre a rocha; pode vir sol, chuva, tempestades, e nada abala a estrutura. Assim me sinto em relação a alguns dos “estagiários” com quem tive, tenho e provavelmente terei a luxuosa oportunidade de conhecer.

Larissa Bastos, Luziane Custódio, Mariana Lima e Jenifer Leão

Eles saem diferentes. Bobagem o que falei, pois é impossível não mudar. O homem está sempre em constante mudança, como disse Heráclito há 500 anos a.c. “Tudo flui… nenhum homem pode banhar-se no mesmo rio por duas vezes, porque nem o homem, nem a água do rio serão os mesmos”. Mas é isso que é mágico e que dá razão a nossa existência. Ainda relembrando o velho Heráclito eu acredito que todo o mundo é um constante fluxo perene onde nenhuma coisa é jamais a mesma, tudo se transforma em constante evolução.

Clau Soares, hoje assessora de comunicação concursada da Uneal. Detalhe: só tinha uma vaga e ela foi a dona merecidamente!

Comigo fica um pouco de cada um. E isso me enriquece me torna uma pessoa melhor. Alguns dizem que sou “a fada madrinha dos estagiários”. Ricardo Mota costuma dizer que acha essa relação que tenho com os estagiários, uma coisa muito legal, com jeito de vida, de humanidade necessária – acredito eu – ao pragmatismo cotidiano de todo trabalho humano.

Edcésar Oliveira, hoje editor de texto da TV Pajuçara. Sensível, responsável e competente.

Meus queridos deixo aqui registrado a minha homenagem a vocês todos vocês (e olha que tantos já se foram e hoje são super profissionais mundo afora). Mas, muito mais que homenagem, deixo aqui meus sinceros agradecimentos pela oportunidade de conhecê-los e aprender com vocês todos os dias.

Abraço de despedida em Izabelle Targino. Como choramos. Hoje ela é assessora - das boas da prefeitura de Arapiraca e foi uma das responsáveis pela equipe que conseguiu eleger Célia Rocha, deputada Federal!

A nutrição em golinhos

Os primeiros quinze dias de uma pessoa que se submete a uma cirurgia de redução de estômago não são fáceis. Mudança radical. Mesmo para quem está acostumado a fazer dieta de restrição alimentar para emagrecimento (como todo gordinho já fez ou faz), a situação é bem diferente. Você passa os quinze dias contando o tempo em fração, ou seja, de quinze em quinze minutos. É aí que a gente dá conta que realmente tempo é ouro (como diz o ditado), porque ele passa muito rápido mesmo.

De meia em meia hora um copinho de cafezinho (50ml) com sucos, caldos ou leite (tudo com complemento alimentar milimetricamente contado e receitado pela nutricionista). Nos intervalos – a cada quinze minutos – um copinho de água mineral ou de coco (em golinhos miúdos).

Copinhos e mais copinhos das 7 às 22h de meia em meia hora

Aproveito o intervalo de meia hora entre os copinhos nutritivos para dá vinte e três voltas ao redor do prédio onde moro (já contei as voltas e é isso mesmo, se ultrapassar, gasto mais energia e aí complica)  . Tenho o cuidado de no meio do caminho, quinze minutos intercalando essa meia hora, tomar um copinho de água (eu desço com um copinho e uma garrafinha pequena de água mineral).

Resolvo ir à loteria pagar umas contas. Tenho de levar uma lancheirinha com garrafinhas térmicas cheia de suco, caldo e água. E de quebra um recipiente com o Carboplex (que em sucos e leite deve conter uma colherzinha de chá desse pozinho nutriente e não pode já ir misturado porque fermenta).

Cppinho com caldo de verdura e legumes com carne ou peixe

No meio da fila o despertador do celular desperta. Hora do leite. O jeito é pedir ajuda a quem estiver na frente da fila para segurar a garrafinha, enquanto coloco a colherzinha do carboplex no copinho e adiciono o leite. Agradeço a gentileza e tomo meu nutriente. As pessoas ficam olhando para você como se estivessem diante de um ET (quem é essa louca que toma copinho de leite no meio da fila da loteria?).Mato um pouco da curiosidade da pessoa que me ajudou, e digo: É que fiz uma cirurgia semana passada e preciso tomar esse negócio na hora certa.

Outra coisa estranha para quem não conhece os quinze primeiros dias de um gastromizado (operado do estômago) é que nesse período precisamos usar uma meia anti-trombo que é branca e vai até os joelhos. Olha, é preciso ser “muito mulher” (ou homem), para sair assim, parecendo uma colegial. Todo mundo olha de forma estranha. E eu passo “no salto”, como se estivesse lançando moda (risos).

Hora do banho tem sempre um copinho de água por perto, porque seguramente será a hora do intervalo e eu preciso tomar os golinhos. Depois do banho, ritual: fazer o curativo. No lugar de onde se tirou o dreno, tem um buraquinho que preciso higienizar colocar três pinguinhos de uma vitamina líquido chamado AGE, que contém vitamina A e E dentro, passar o polvidine e fazer o curativo direitinho com gaze esterilizada e esparadrapo. Término do banho, colocar a meia de novo. Só pode tirar depois do 15º dia pós cirurgia.

Assim que acordo, antes do primeiro copinho nutritivo, preciso tomar um comprimido de Nexium – medicamento de última geração para tratar do estômago – e dissolve em água. Precisa ser em jejum. Depois, dá um tempinho para o primeiro copinho de suco do dia, que deve ser ingerido às 7h.

Sem esses cuidados – fundamentais para uma recuperação saudável e certa – o paciente padece,  correndo o risco de ter uma infecção urinária, uma complicação circulatória e outros que é melhor não falar (sobretudo eu, que estou seguindo tudo à risca).

Já perdi a conta das muitas vezes que a paciência quis me abandonar, mas eu lutei bravamente para que ela ficasse. E ela obedeceu. Passo esses dias (até agora foram nove dias) em vigília das 7 da manhã às 22h. Se cochilar, a nutrição fica incompleta e pode me complicar. E eu quero que tudo saia “como manda o figurino”. Se for assim para fazer, eu farei exatamente assim!